quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O desafio da mudança na educação

Este tema tem sido muito discutido em sala de aula, especialmente após o filme "O sorriso de monalisa". O artigo abaixo, demonstra como a mudança na educação envolve aspectos históricos, culturais, sócio-econômicos, portanto é bastante complexo o tema. O artigo mostra o que pensa o educador Moran a respeito do assunto.
Algumas considerações sobre o desafio da mudança na Educação
A mudança de forma geral é algo que inquieta e exige novas posturas e adaptações para que realmente aconteça. Quando se fala em mudança na educação é preciso reunir vários elementos que a caracterizem como necessária e benéfica para seu meio social, uma vez que a mudança pode ser tanto para melhor como para pior.
A idéia de mudança na educação implica aspectos históricos, culturais, sócio-econômicos, tecnológicos, biológicos, enfim, implica uma série de setores, por isso é difícil caracterizar a mudança como algo instantâneo, já que ela só acontece como processo e atrelada a vários elementos.
A necessidade e vontade de mudança estão relacionadas à constatação das lacunas ocasionadas entre o que a sociedade está pedindo da formação dos indivíduos e o que o espaço escolar está oferecendo para dar conta disso, ou seja, ao perceber-se ineficaz, despreparada e desatualizada a instituição entende esse vão e busca recuperar-se e criar novos meios de interagir e aprender para então desempenhar sua função social de fato.
E é nessa sociedade que exige a cada dia novas habilidades e formações que origina a necessidade da mudança, pois é uma sociedade diferenciada dos outros momentos históricos. Por exemplo, o evento da Internet, que traz consigo a mudança do paradigma de conhecimento, de tempo e ainda, a possibilidade de apropriar-se de uma ferramenta que leva a um mundo novo, virtual e real ao mesmo tempo. Isto vem colaborar para a tomada de consciência quanto à necessidade da mudança dentro de uma nova sociedade.
Conforme Moran
Estamos em uma etapa de grandes mudanças na transição para a Sociedade da Informação, que afetam também à Educação. Temos que repensar seriamente os modelos aprendidos até agora. Ensinar e aprender com tecnologias telemáticas é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito adaptações do que já conhecíamos. A educação presencial e a distância começa a ser fortemente modificada e todos nós, organizações, professores e alunos somos desafiados a encontrar novos modelos em todas as situações. As tecnologias telemáticas de banda larga, que permitirão ver-nos e ouvir-nos facilmente, colocam em xeque o conceito tradicional de sala de aula, de ensino e de organização dos procedimentos educacionais.

É possível então pensar a educação como uma roupa que precisa sofrer alguns ajustes para servir novamente em alguém? Como se o tempo tivesse passado e a pessoa emagrecido ou engordado, a moda fosse outra e se fizesse necessário retirar os antigos acessórios e trocá-los por algo mais apropriado, jogar fora os pedaços de tecidos velhos e rasgados por tecidos mais resistentes ao clima e região que a pessoa está no momento. Pode-se dizer que fica difícil pensar a mudança necessária na educação como um conserto de roupa, já que tantos são os componentes desse processo que é feito por pessoas que possuem vontade própria, idéias, necessidades diferentes para uma sociedade também tão mudada. Parece então que não existe um só componente que desestrutura a educação dos moldes atuais e que não é uma única atitude que vai dar conta de aquietar o processo. Segundo Moraes “é preciso educar para uma cidadania global que ensine a viver na mudança e que não queira controlá-la. Compreendendo assim que é impossível desacelerar o mundo, e assim, procurar adaptar a nossa forma de educar às mudanças rápidas e aceleradas presentes no mundo”.
Então a mudança na educação que estamos buscando e ansiando para que chegue pronta devolvendo-nos a sensação de segurança está longe de acontecer. Deixemos então que a sensação de insegurança venha e nos faça pelo menos curiosos pelo desconhecido e a longo prazo então mais confortáveis nele.
Em Toralles – Pereira, lemos:
Neste momento de transição e construção de outros modelos de racionalidade, em que uma nova relação com os antigos lugares epistemológicos nos permitirá um novo caminhar e uma outra relação com o mundo, Santos aconselha prudência e diz: como Descartes, no limiar da ciência moderna exerceu a dúvida em vez de a sofrer, nós, no limiar da ciência pós-moderna, devemos exercer a insegurança em vez de a sofrer. Afinal, a prudência é a insegurança assumida e controlada.

O que não podemos é nos cercar de falsa segurança que não satisfaz mais o momento atual e nem nos conformarmos com a barreira dessa nova situação que parece muito difícil, quase impossível de ser ultrapassada, porém segundo Corrêa (2005), apesar de difícil de ser ultrapassada é passível de ultrapassagem.
Referências bibliográficas
CORRÊA, Ronald C. Os desafios do professor diante da perspectiva de formação de cidadãos na nova ordem mundial. Disponível em: http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/157/31/. Acesso em: jul.2005.
MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 10ª.ed. Campinas, SP:Papirus,2004. (Coleção Práxis).
MORAN, José Manuel. Educação Inovadora na Sociedade da Informação. Disponível em: URL:http://www.educacaoonline.pro.br/art_educacao_inovadora.asp. Acesso em: jul.2005.
TORALLES-PEREIRA, M. L. Notes on Education: the transition toward a new paradigm. Interface — Comunicação, Saúde, Educação, v. 1, n.1, 1997. Disponível em: http://www.interface.org.br/revista1/ensaio3.pdf. Acesso em: jul.2005.

Carina Merkle Lingnau é professora da rede pública de ensino em Joinville-SC. Email: donut1br@yahoo.com.br

Um comentário:

Sky Walker disse...

olá boa noite passei por aqui e gostei muito do que li sobre educação. São necessárias muitas pessoas espalhadas pelo mundo com uma consciência diferente de educação para um futuro melhor...