segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Comentários ao livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire

O saudoso Professor Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia revela muita simplicidade e sabedoria que formar é muito mais que treinar o educando no desempenho de destrezas, visto que para ele o respeito pelo ser humano é algo maior e que deve ser pautado durante toda a vida. Neste sentido, valoriza a formação ética do educando e ressalta a importância da responsabilidade ética dos professores e professoras no exercício da tarefa docente.

Fala da ética universal do ser humano que, segundo o autor, e afrontada na manifestação discriminatória de raça, de gênero, de classe, mas que deve ser vivenciada na prática docente.

Para o autor o papel do educador nesta tarefa tem uma dimensão social na formação humana, pois a tarefa docente do educador não é apenas ensinar os conteúdos, mas ensinar a pensar certo. Assim, demonstra a dimensão que tem a prática docente no processo de formação das pessoas, visto que nós somos seres inacabados e que o processo de construção do conhecimento se dá ao longo da vida.

Conforme Paulo Freire, “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” e que independente do educador ser um educador “bancário” ou “problematizador”, o educando deve manter a sua rebeldia, seu gosto pela curiosidade, deve arriscar-se em busca de uma força criadora do aprender que pode levá-lo além dos efeitos negativos do falso ensinar. .

O livro é realmente muito importante na formação dos educadores, principalmente quando o autor coloca é necessário respeitar a autonomia do ser educando, ter paciência, humildade, bom senso,o esperança é alegria no processo de construção do conhecimento. Portanto, é preciso conhecer a realidade do educando e aproveitar suas experiências para aprender com eles, e ainda, é necessário ter uma reflexão crítica sobre a prática docente.

Paulo Freire coloca que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” posto que “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível” e que poderá ocorrer por meio dos ensinamentos apreendidos pelos alunos..

Neste contexto é que a pedagogia da autonomia pode contribuir para a libertação do aluno no seu modo de pensar e de viver. Já a prática educativa deve ter “afetividade, alegria, capacidade cientifica, domínio técnico a serviço da mudança”.

Ressalta que como prática estritamente humana, jamais pode entender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos, emoções, desejos e sonhos devessem ser reprimidos. Nem tampouco compreendeu “a pratica educativa como uma experiência que faltasse o rigor em que se gera a necessária disciplina intelectual”.

Desta forma é necessário ter autonomia educativa para que possa realmente ocorrer tanto o ensino quanto a aprendizagem e cabe ao Educador estimular os seus alunos na busca de novos conhecimentos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O desafio da mudança na educação

Este tema tem sido muito discutido em sala de aula, especialmente após o filme "O sorriso de monalisa". O artigo abaixo, demonstra como a mudança na educação envolve aspectos históricos, culturais, sócio-econômicos, portanto é bastante complexo o tema. O artigo mostra o que pensa o educador Moran a respeito do assunto.
Algumas considerações sobre o desafio da mudança na Educação
A mudança de forma geral é algo que inquieta e exige novas posturas e adaptações para que realmente aconteça. Quando se fala em mudança na educação é preciso reunir vários elementos que a caracterizem como necessária e benéfica para seu meio social, uma vez que a mudança pode ser tanto para melhor como para pior.
A idéia de mudança na educação implica aspectos históricos, culturais, sócio-econômicos, tecnológicos, biológicos, enfim, implica uma série de setores, por isso é difícil caracterizar a mudança como algo instantâneo, já que ela só acontece como processo e atrelada a vários elementos.
A necessidade e vontade de mudança estão relacionadas à constatação das lacunas ocasionadas entre o que a sociedade está pedindo da formação dos indivíduos e o que o espaço escolar está oferecendo para dar conta disso, ou seja, ao perceber-se ineficaz, despreparada e desatualizada a instituição entende esse vão e busca recuperar-se e criar novos meios de interagir e aprender para então desempenhar sua função social de fato.
E é nessa sociedade que exige a cada dia novas habilidades e formações que origina a necessidade da mudança, pois é uma sociedade diferenciada dos outros momentos históricos. Por exemplo, o evento da Internet, que traz consigo a mudança do paradigma de conhecimento, de tempo e ainda, a possibilidade de apropriar-se de uma ferramenta que leva a um mundo novo, virtual e real ao mesmo tempo. Isto vem colaborar para a tomada de consciência quanto à necessidade da mudança dentro de uma nova sociedade.
Conforme Moran
Estamos em uma etapa de grandes mudanças na transição para a Sociedade da Informação, que afetam também à Educação. Temos que repensar seriamente os modelos aprendidos até agora. Ensinar e aprender com tecnologias telemáticas é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito adaptações do que já conhecíamos. A educação presencial e a distância começa a ser fortemente modificada e todos nós, organizações, professores e alunos somos desafiados a encontrar novos modelos em todas as situações. As tecnologias telemáticas de banda larga, que permitirão ver-nos e ouvir-nos facilmente, colocam em xeque o conceito tradicional de sala de aula, de ensino e de organização dos procedimentos educacionais.

É possível então pensar a educação como uma roupa que precisa sofrer alguns ajustes para servir novamente em alguém? Como se o tempo tivesse passado e a pessoa emagrecido ou engordado, a moda fosse outra e se fizesse necessário retirar os antigos acessórios e trocá-los por algo mais apropriado, jogar fora os pedaços de tecidos velhos e rasgados por tecidos mais resistentes ao clima e região que a pessoa está no momento. Pode-se dizer que fica difícil pensar a mudança necessária na educação como um conserto de roupa, já que tantos são os componentes desse processo que é feito por pessoas que possuem vontade própria, idéias, necessidades diferentes para uma sociedade também tão mudada. Parece então que não existe um só componente que desestrutura a educação dos moldes atuais e que não é uma única atitude que vai dar conta de aquietar o processo. Segundo Moraes “é preciso educar para uma cidadania global que ensine a viver na mudança e que não queira controlá-la. Compreendendo assim que é impossível desacelerar o mundo, e assim, procurar adaptar a nossa forma de educar às mudanças rápidas e aceleradas presentes no mundo”.
Então a mudança na educação que estamos buscando e ansiando para que chegue pronta devolvendo-nos a sensação de segurança está longe de acontecer. Deixemos então que a sensação de insegurança venha e nos faça pelo menos curiosos pelo desconhecido e a longo prazo então mais confortáveis nele.
Em Toralles – Pereira, lemos:
Neste momento de transição e construção de outros modelos de racionalidade, em que uma nova relação com os antigos lugares epistemológicos nos permitirá um novo caminhar e uma outra relação com o mundo, Santos aconselha prudência e diz: como Descartes, no limiar da ciência moderna exerceu a dúvida em vez de a sofrer, nós, no limiar da ciência pós-moderna, devemos exercer a insegurança em vez de a sofrer. Afinal, a prudência é a insegurança assumida e controlada.

O que não podemos é nos cercar de falsa segurança que não satisfaz mais o momento atual e nem nos conformarmos com a barreira dessa nova situação que parece muito difícil, quase impossível de ser ultrapassada, porém segundo Corrêa (2005), apesar de difícil de ser ultrapassada é passível de ultrapassagem.
Referências bibliográficas
CORRÊA, Ronald C. Os desafios do professor diante da perspectiva de formação de cidadãos na nova ordem mundial. Disponível em: http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/157/31/. Acesso em: jul.2005.
MORAES, Maria Cândida. O Paradigma Educacional Emergente. 10ª.ed. Campinas, SP:Papirus,2004. (Coleção Práxis).
MORAN, José Manuel. Educação Inovadora na Sociedade da Informação. Disponível em: URL:http://www.educacaoonline.pro.br/art_educacao_inovadora.asp. Acesso em: jul.2005.
TORALLES-PEREIRA, M. L. Notes on Education: the transition toward a new paradigm. Interface — Comunicação, Saúde, Educação, v. 1, n.1, 1997. Disponível em: http://www.interface.org.br/revista1/ensaio3.pdf. Acesso em: jul.2005.

Carina Merkle Lingnau é professora da rede pública de ensino em Joinville-SC. Email: donut1br@yahoo.com.br

O Educador e o seu Mundo

O Educador e o seu Mundo
"Uma verdade existe sem depender de opiniões."


Autora: Anne Marie Lucille
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O silêncio é a expressão maior da criação
Dizia ele que a vida lhe fora ingrata pois nunca tivera muitas chances de se afirmar como alguém bem realizado. Confessou que invejava amigos seus bem sucedidos, atribuía o sucesso deles ao amparo de suas familias, as posses dos pais, algo que jamais tivera. Agora, já maduro, questionava o objetivo da vida e via que havia uma grande injustiça deliberada para alguns em detrimento de outros. Por que os Deuses não vêem que esta injustiça existe, questionava amargurado. Fervoroso respeitador das leis religiosas com as quais se identificava, agora colocava em dúvida a validade daquilo tudo. O Respeito às leis e dogmas sempre cultuou sem desvio algum; afirmava, agora que via as recompensas não chegarem, sentia-se frustrado e de certo modo enganado. Comentou sobre alguns que isso ignoravam e mesmo assim sucesso na vida conseguiram.


É estranho o hábito inconsciente da busca do mérito para tudo o que se faz. Por que o mérito tornou-se o alvo de nossas vidas, o seu oposto, será para sempre a sombra que dará vida e solidez aos nossos conflitos. Por que a obrigação tornou-se a força motriz de nossas ações? Pode algo feito por obrigação, trazer-nos satisfação duradoura, nos dar a paz que tanto buscamos e sequer sabemos o que é?

Achamos que o verdadeiro papel daquele se propõe a educar, seria ensinar ao seu discípulo, o pensar por si mesmo, não é verdade? O pensar independente, o suscitar a dúvida, livre das instituições criadoras de obrigações, motivando o despertar da essência criativa, que é a verdadeira fonte de inteligência do ser, que começa com o questionar a validade do modelo que os costumes induzem, como base para seu comportamento, como ser social, sem direito a contestações.

A frustração do indivíduo como ser social, é diretamente proporcional a quantidade de méritos que o mesmo espera obter na vida. Esse objetivo, que na verdade não é seu, é a programação básica obrigatória instituída, já ao nascer, pelas religiões, tradições, por toda mentalidade atuante no seu meio, e que determinará todos seus anseios, vontades, medos, sua conduta pelo resto da vida. Esta indução é incondicional, inconsciente, sem atributos que suscitem rejeição ao modelo, cujos dogmas e códigos estabelecidos como verdades, interpretam a dúvida e o questionar como algo indecente, pecaminoso, fonte de culpas e pecados.

É fato que o modelo tradicional de educação de todos os povos são falhos. Não fossem, o cidadão sensato, em paz com seus anseios, livre de culpas e dogmas, cordial e delicado com seus próximos, cuja conduta em parte é resultado dessa educação, já se faria presente, mas, não é o que ocorreu, não é o que vemos hoje em nosso mundo. Um ser mesquinho, violento, tendencioso ao extremo, angustiado, depressivo, criador de todos os tipos de medos, incapaz de viver em harmonia, é o resultado dessa educação, modelo predominante no mundo. É um modelo apoiado no eterno dar para receber, criador de castigos para os alheios ao modelo, incentivador da disputa, da vaidade pessoal, da busca ao poder como meta principal. Onde existe busca ao poder, sempre haverá opressores e oprimidos, vencedores e vencidos, ricos e miseráveis, falta de respeito para com o semelhante, discriminação, superiores e inferiores, insensibilidade, apego e culto ao individualismo, alimentador do Egocentrismo órbido da espécie humana.

Sabendo-se que o modelo educacional do mundo seria falho, qual seria então o papel do preceptor verdadeiramente interessado em dar aos seus discípulos a educação correta, aquela que promovesse a chama do descontentamento no espírito humano, o despertar da sensibilidade, o despertar da inteligência como fonte real de liberdade do ser, que poderia lhe trazer a paz que tanto anseia?

O despertar da inteligência é o único e verdadeiro caminho para a conquista da paz entre os seres, da eliminação de todos os seus conflitos interiores e exteriores, da eliminação definitiva de todos os seus medos, do despertar do ser que poderá de fato promover uma mudança concreta em seu mundo, uma mudança que é movimento criativo, criando assim um caminho válido para um viver em harmonia, onde o respeito pela vida seria seu único objetivo.

A sensibilidade só desperta com a inteligência
Inteligência certamente não é isso que conhecemos, não é o conhecimento acumulado, não é a capacidade de formular pensamentos lógicos, não é o saber qualificado, especialista, que são apenas qualidades deformadas, mas próprias, de um ser que criou e alimenta o individualismo como entidade válida, que por sua vez é incapaz de criar estabilidade e bem estar ao mundo onde vive e morre.

Onde começa e onde termina o interesse pessoal, e o que limita o interesse pessoal do interesse do outro? Podem pessoas motivadas apenas por interesses pessoais, promoverem de fato uma mudança em si mesmos, capaz de refletir no modelo do mundo? O interesse de um é limitado pelo interesse do outro, ou esse limite é determinado pela força do mais capaz sobre o menos dotado? Poderia haver a possibilidade do interesse individual ser único entre todos os seres, ser apenas o interesse da humanidade, da paz entre todos?

Reconhecer que nossos conflitos, em casa, no trabalho, com os amigos, com nossos medos, é a causa da miséria no mundo, das guerras, da degradação dos povos, do ser brutal que somos, e que tem na educação falha um forte aliado, já seria o começo da inteligência. Esse despertar começa com o surgimento da humildade, que se transforma em atenção e depois em resultados que criarão um movimento finalmente capaz de promover uma mudança válida em nossa forma de agir e de ver o mundo.


Ao negar a compreensão do ser, com suas angústias e conflitos infinitos, como fonte de todos os problemas da humanidade, a educação, centrada apenas em formar cidadãos especialistas e ávidos de obter sucesso, condenou o ser humano à degradação, a falta de respeito mútuo, e sedimentou de vez todas as bases da mentalidade deformada que ora domina a humanidade.

O preceptor que está verdadeiramente, seriamente, preocupado com a educação, deve se concentrar no ser humano como indivíduo, e buscar procurar entender como esse indivíduo funciona psicologicamente dentro do seu meio, como interage com o mundo, o que é ele em sua essência e não apenas nos aspectos externos que demonstra quando está em sociedade. A sociedade não é o indivíduo, mas o indivíduo inserido nela é produto de suas imposições, de seus contrastes, do seu domínio. Ela criou o indivíduo que vemos em ação, não uma ação que representa o indivíduo como ser, mas, uma ação completamente deformada que retrata apenas um ser mercadoria, impessoal e mesquinho, criação desse condicionamento social que é responsável pela degradação dele mesmo.

Educar é primeiro entender a natureza essencial do ser humano, e o preceptor, interessado que está nessa educação que exige uma ação nova, que criará um movimento realmente modificador, deve tentar descobrir o que é o ser humano; não o ser humano produto do meio, mas sua essência como ser responsável por seus atos; não o ser humano resultado de seus conflitos, mas o ser que existe por trás destes conflitos.

O ser humano como existe atualmente é produto de todos os conflitos e medos que a humanidade cultivou por toda sua existência, e no fundo desse ser existem duas entidades que eternamente lutam entre si, degladiando-se para ver quem predomina. Estas entidades não estão separadas e são na verdade uma só; uma é a personificação do ser, o papel que desempenha como ser social no seu meio, produto da programação que o próprio meio lhe incutiu desde a infância e mesmo antes desta, o Ego; a outra, sua essência real, o ser humano como realmente ele é, sem máscaras, sua verdadeira natureza.

A causa do conflito entre as duas realidades, é que apenas uma é verdadeira, mas a falsa que é sua Ego-personalidade é aquela que predomina, que o caracteriza como ser que age, que sofre, que alimenta e mantém seus conflitos vivos. O ser humano, por negar justamente sua essência básica, seu eu real, criou o Ego que é aquela entidade que vive em um mundo não real, um mundo diferente da realidade das coisas. Nesse mundo artificial, onde as religiões, os padrões sociais, os dogmas, as conveniências instituídas, criaram seu próprio conceito de errado e certo, a ilusão do vir-a-ser tornou-se uma obsessão, a razão do viver.

Precisamos entender, que nós como seres humanos, somos também animais, não é verdade isso? Não podemos negar o fato de que somos animais, animais lógicos, dotados de razão, diferentes em mente daqueles irracionais, mais iguais a eles em instinto básico, e quanto a isso nada podemos fazer, gostando ou não somos animais, e todo instinto animal ainda em nós predomina. Assim, isso é um fato, e diante de fatos contestações não tem validade alguma, é imaturo e infantil, uma verdade existe sem depender de opiniões.

Desse modo, como animais, herdamos toda sua irracionalidade, caracterizada pela violência, pela insensibilidade à dor alheia, pelo egoísmo, pelo desejo de dominação dos mais fracos e tantas outras coisas. Desejando o preceptor de fato conhecer a natureza humana, único meio de realmente começar uma educação séria, deve ele estar ciente desses fatos, e se for de fato sério como educador, ardoroso em querer modificar de forma construtiva seu mundo, deve começar observando a si mesmo. Afinal, ele como ser humano é igual a todos os outros, e, se tiver amor pelo que faz, deve primeiro se observar, se conhecer. Assim, com o tempo, verá em si, a natureza de todos aqueles que se propõe a educar, e, desse modo poderá de fato eficiente ser em seus propósitos.

Ora, sendo o ser humano pela herança do animal irracional que habita em si, violento por natureza, por que então negar esse fato em detrimento de um Ego que lhe diz que isso é feio, é errado, é contra a ordem das coisas? O fato de sermos violentos e nos reconhecermos como tal, não quer dizer que vamos praticar a violência, mas negar isso, o fato de sermos violentos, isso sim constitui uma violência. Assim, está o Ego diante de um paradoxo, sabe que em essência o ser é violento e irracional, mas seu condicionamento diz que isso é errado, e imediatamente surge o conflito entre o que é, que é o fato de ser violento, e o que deveria ser, que é a não violência.

Negando o que somos, o Ego faz isso, criamos o conflito. Reconhecer nossa verdadeira natureza, que é a violência, sem condenações, sem argumentos que justifiquem tal coisa, estamos criando em nós um estado de humildade que pode ser o fato novo que precisamos para mudar. Quanto ao fato de sermos violentos, nada podemos fazer, disso só nos livraremos na morte, mas, o reconhecer isso como um fato é um ato de amor, que exige uma atenção nunca dantes praticada, e, esse perceber, por si só já é a mudança. Sabendo, depois percebendo, depois sentindo, que somos violentos e que quanto a isso nada podemos fazer, desperta no ser um estado de compaixão que transcenderá o estado de violência. Entenderá então a natureza humana, verá a insensatez da manifestação desse estado, causador de todas as desgraças da humanidade, e saberá que o estado de violência o acompanhará pelo resto da vida, é verdade, mas que jamais em si se manifestará como estado válido.

Precisamos refletir bastante sobre o novo papel do preceptor que deseja um ser humano novo, livre dos condicionamentos que criaram toda angústia e sofrimentos do mundo, que certamente conduzirão o homem ao caos e as guerras, a deformação completa da sua natureza original.

Autora: Anne Marie Lucille
A autora é pesquisadora e escritora.
Veja mais artigos da autora em: http://www.joselaerciodoegito.com.br
email: annemarielucille@yahoo.com.br

Um Mundo que Ignoramos


"O verdadeiro educador não aprende para ensinar, ele aprende enquanto ensina..."

Autor: Alberto Filho[1]

Uma possibilidade; pode ser uma solução
Muitas vezes não conseguimos de uma forma eficiente, passar para nossos alunos a matéria que temos em mente, quer dizer, a nossa pauta didática. Dessa forma, não é novidade, quando acabamos por perder completamente o diligente trabalho, de dias e noites de estudos, compilação e finalmente de preparação, de um material, que quase sempre será ignorado em sala de aula. Se nem mesmo somos capazes de reter a atenção sempre dispersa de um grupo, desejar então que assimilem alguma coisa, pode parecer um sonho distante da realidade. Não somos responsáveis, nem temos a pretensão de moralizar ou disciplinar quem quer que seja, nem poderíamos se o quiséssemos, mas resta a frustração de não sermos capazes de exercer nosso magistério da forma idealizada em nossos primeiros devaneios vocacionais, quando sonhávamos com a possibilidade de que um dia poderíamos de fato mudar alguma coisa, por mínima que fosse.


Quando chegam em nossas mãos, muitas vezes, sem que nada saibamos a respeito de suas aspirações pessoais, ou mesmo das suas verdadeiras índoles, resta-nos cumprir as determinações que exigem o direcionamento escolar padrão. De nada adianta questionarmos se aquele modelo é ou não edificador, ou isso, ou aquilo; pois se não concordamos, centenas de outros educadores, estarão prontamente dispostos a fazerem a coisa em nosso lugar. Farão sem questionar, sem opinar, como máquinas cegas e obedientes, enfim, apenas cumprindo a carga horária necessária para justificar seus salários. Assim é com a maioria das escolas, que se tornaram apenas instituições comerciais, não educacionais. Não estão preocupados com a reforma ou construção de quem quer que seja. No final do período, cada instituição adotará seus próprios meios para fazer o aluno avançar de grau, ignorando completamente, se como seres humanos, se tornam menos ou mais disciplinados; menos ou mais conscientes de seus papéis num mundo que ainda não conhecem, que talvez nunca venham a conhecer.

Não podemos nos iludir, pois há um limite na trajetória comportamental de um ser humano, até onde podemos atuar, depois disso, a reforma da sua conduta, estará inteiramente nas mãos das vicissitudes da vida, do menor ou maior sofrimento, que ainda é a única linguagem que fala para todos no mesmo tom; uma linguagem capaz de criar em cada um deles o desejo de por si mesmo, mudar. Uma criança pode ainda ser cultivada, e um jovem poderá ainda mais, se quando criança ao menos tiver sido iniciado. Valor algum tem o heroísmo, a resignação pedagógica, se seus esforços não são recompensados com a compreensão de um aluno que se recusa a ouvi-lo.

Não podemos obrigar ninguém a assimilar e aplicar em vida, o que aprende na vivência escolar, nem devemos nos iludir achando que estamos cumprindo nosso papel de cidadãos preocupados com uma reforma, que culminará com a transformação do homem, tornando-o um ser íntegro, e consciente de que construir é melhor que destruir. Temos diante de nós um aluno, um ser humano, mas que pouco conhecemos de sua vida pessoal, dos rumos da sua família; o que no final poderá ter um efeito mais determinante sobre sua personalidade, que nossos melhores esforços em edificá-lo. Diante disso, devemos ser mais realistas e menos idealistas. Um idealista fecha os olhos para muitas realidades e por isso mesmo seus esforços são pouco eficazes, é movido a sonhos, e por isso ignora o que é real. Sua abordagem não pode construir, uma vez que lida com personagens que existem apenas em seus sonhos, seres não reais.

O realista ignora seus sonhos e sabe que tem diante de si um problema concreto. Conhece seu papel de educador e sabe das suas limitações. Tem consciência de que não tem o poder de transformar o mundo, mas pode orientar seus jovens para que possam enfrentar esse mesmo mundo, de uma maneira que lhes permitam sofrer menos; de modo que estejam mais fortalecidos, para enfrentarem os desafios que a vida certamente colocará diante de cada um deles. É seu papel dar-lhes orientação, e esta orientação poderá ou não lapidar de forma positiva parte do seu caráter. Sabe também, que não é o responsável pelo destino do seu educando, afinal não é nem pelo seu próprio; mas estará dando-lhes condições para que possam conduzi-lo de uma forma mais consciente, com maiores chances de acertos, e isso é tudo que pode ser feito pelo educador. Isso nos faz lembrar que, cada educador deve antes disciplinar a si mesmo, deve primeiro compreender seu mundo de relações com coisas e pessoas; deve estar consciente dos seus limites, do seu papel, e deve ter sua própria casa em ordem, antes de se aventurar a querer arrumar a casa alheia.

De que adianta a disciplina através de alguma forma de coação, se chegará um momento onde nossas recompensas não terão mais valor algum, para aqueles que fomos encarregados de tentar disciplinar? Precisamos compreender de uma vez por todas que, o tradicional modelo de castigo e recompensa apenas degrada o homem, cria um homem preguiçoso que não sente prazer no que faz, que vê na obtenção da vantagem sua razão de viver. Este modelo não é capaz de construir decência ou sentimento de respeito em quem quer que seja. Tire-lhe o prêmio e você não terá mais a máquina que obedece em troca de méritos.

Tentar resolver a complexidade dos problemas humanos, tornando-o um ser cada vez mais mecanizado, mais obediente porque almeja lucros, recompensas e vantagens. Isso apenas fortalece neles o sentimento, de que a solução dos seus problemas está na capacidade de consumir, no poder que proporciona a sensação de ter mais que os outros; é instigar e promover a diferença e a competição deliberada entre classes de pessoas, entre grupos sectários ou de interesses comuns. Isso acaba por transformar o inteiro sentido da vida, num simples passeio em meio a uma central de compras, onde para sermos felizes, só precisamos comprar cada vez mais e sempre.

Há alguns anos atrás, fizemos uma abordagem em sala da aula, que nos rendeu frutos maravilhosos. Resolvemos, por nossa conta e risco, sair um pouco do lugar comum, do processo linear e inflexível das técnicas didáticas tradicionais. Inicialmente não tínhamos uma idéia concreta dos resultados, pois era algo novo, algo que nunca tínhamos visto na didática escolar do ocidente. Tanto, que sequer fazia parte da pauta de matérias da nossa prática diária. Era algo informal por assim dizer; algo que sequer a direção tinha conhecimento, e começou como uma simples brincadeira no período do recreio.

A primeira abordagem foi com um grupo, de mais ou menos 20 alunos, com faixa etária entre 8 e 10 anos de idade. Tínhamos aula de pintura com esse grupo, uma vez pó semana. Num certo ponto do ano letivo, durante uma pequena discussão entre dois alunos que sentados numa mesma mesa, disputavam o mesmo potinho de tinta para colorir uma mesma árvore, questionei, porque não repartiam a tinta entre eles. Um deles, afirmou que, como pegara primeiro o pote de tinta, deveria pintar antes do outro a sua árvore; mas, ele enfatizou, depois que acabasse, o outro poderia usá-lo. Perguntei porque não poderiam molhar ao mesmo tempo seus pincéis, no mesmo potinho, que ficaria sobre a mesa, sem pertencer a preferência a nenhum deles.

Não foi fácil para eles compreenderem essa abordagem, pois a disputa pela preferência já fazia parte da conduta de cada um. Não compreendiam aquela condição de não disputa, e mesmo depois de concordarem, ainda olhavam para os pincéis um do outro, para ver quem retirava mais ou menos tinta do pote. Percebi que faziam isso de forma sempre mecânica, sem saber o que estavam fazendo, sem saber o motivo porque agiam daquele modo, sem sequer imaginarem que podiam agir de uma forma diferente; de um modo alternativo, fora do padrão que transformara suas ações em gestos mecanizados, completamente inconscientes. Os outros ainda observaram aquilo por algum tempo, e logo, outros, sem que chamássemos a atenção de nenhum deles, começaram a imitar aquele gesto. Foi até uma coisa divertida, pois ficaram contentes uns com os outros, e havia uma espécie de companheirismo diferente entre eles, um certo alívio, pois não precisavam proteger aquilo que julgavam ser suas posses, sob o risco do outro deixá-los sem nada.

Na aula seguinte fiz um desafio a eles, e lhes disse que naquele dia não iriam pintar, pelo menos não aqueles temas que a escola, ou mesmo eu, preparava para eles. Iríamos dar uma volta no pátio da escola, e simplesmente observar o mundo. Expliquei o que deveríamos fazer naquele passeio, e o motivo pelo qual faríamos aquilo. Disse-lhes que deveriam observar a maior quantidade de coisas que fossem capazes de perceber, tais como; plantas rasteiras, a terra e sua composição, as árvores, o céu, a sujeira que encontrassem pelo caminho, as pessoas, o que estas pessoas estavam fazendo, a cor de suas roupas, a coloração das plantas, do céu; e também o que sentiam quando estavam observando cada uma daquelas coisas. Pedi que levassem consigo papel e lápis, pois deveriam anotar ou desenhar alguma coisa que julgassem importante; que pudesse servir de referência caso desejassem lembrar depois com mais clareza, do ocorrido. Houve pouca resistência, assim mesmo, pela não compreensão imediata da coisa; do propósito daquela tarefa, que não chamei de tarefa, pois eles não compreendiam o significado de uma atividade escolar que não fosse considerada uma tarefa.

Expliquei que queria conhecer a capacidade de observação de cada um deles, e expliquei-lhes, depois de alguns dias, os benefícios que viriam com o desenvolvimento dessa qualidade. Paramos muitas vezes em pontos distintos do pátio, e lhes mostrei umas plantinhas muito pequenas, na fresta de uma calçada do pátio. Pedi que olhassem a coloração dos muitos verdes das pequenas folhas, as sombras, seus caules, e também o formato das folhas, e que tentassem ver nelas, alguma coisa que as pessoas normalmente nunca seriam capazes de perceber.

A reação deles foi fantástica, e logo tivemos que estender a atividade a outras turmas, pois todos conversaram sobre aquilo, e em casa passaram a ser mais observadores, mais atentos aos detalhes. A capacidade individual de cada um daquele grupo se transformou de um modo notável, já não eram mais os mesmos, eram capazes de ver o mundo com outros olhos. Depois lhes expliquei outras coisas, coisas, qualidades que todo observador precisa ter, principalmente quando vivemos num mundo onde o pensamento voltado à destruição é a prática comum. E logo que voltamos à sala, quando lhes pedi para relatarem em papel o que podiam lembrar do passeio, de uma agitação inicial onde todos discutiam entre si expondo seus pontos de vista, logo podíamos ver crianças reflexivas, de olhos atentos a tudo que ocorria à sua volta.







Autor: Alberto Filho
email: albjorge@yahoo.com.br
Veja mais detalhes sobre o autor nas notas abaixo.



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Notas:

[1] O autor é orientador de educação infantil e adulta, Idealizador e colaborador do Site de Dicas.




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Comentário sobre o filme "O sorriso de monalisa"

Como atividade em sala de aula, foi-nos dada a oportunidade de assistirmos ao Filme “O Sorriso de Monalisa”, protagonizado pela atriz Julia Roberts, em que o tema central é a vida de uma professora de História da Arte, recém chegada da Califórnia, que ao se estabelecer em um colégio só de moças, dá início a um movimento considerado subversivo para os padrões da época, quando coloca em xeque o papel da mulher na sociedade. Sobre o filme é bom que façamos alguns comentários que julgo de relevância para a nossa Disciplina, bem como para os dias atuais:

Assistimos ao “O SORRISO DE MONALISA" e desenvolvemos atividades em sala de aula a respeito do filme e uma delas e compartilhar comentários e observações, percepções sobre o tema.
O filme conta a estória da uma Professora, recém chegada da Cidade da Califórnia e que foi para Wellesley College lecionar sobre História da Arte. Era uma escola extremamente tradicional, na qual as moças eram preparadas para desempenharem bem o papel de esposa e o objetivo da maioria das garotas era fazer um bom casamento, ter filhos e seguir os padrões impostos por aquela sociedade tradicional, arrogante, hipócrita e cheia de falso moralismo.
A estória se passou nos anos 50 e a nova Professora, que era uma idealista, com idéias muita avançadas para aquela sociedade, percebeu que teria dificuldades em logo na primeira aula.
Essa Professora encarou o desafio enfrentado as famílias, alunas e direção da escola que eram muito conservadores. Ela tentou motivar as alunas a irem além da memorização, a pensar, a entender o sentido das coisas utilizando-se principalmente dão ensino da arte moderna.
Ela investiu na relação professor-aluno. No entanto, naquela época e especialmente naquela sociedade, não era permitido as mulheres expressarem seus sentimentos, suas idéias ou romper com os padrões estabelecidos à décadas.
A cena que mais que chamou a atenção foi a aula que a Professor levou todas as aulas a um depósito e não exigiu que elas fizessem anotações, relatórios, mas que apenas observassem a obra, quebrando um paradigma daquela escola.
Basicamente o filme demonstra um momento de conflito das mulheres que ao mesmo tempo em que buscavam liberdade e sonhavam com dias melhores, também não queriam abrir mão de um certo conforto e comodidade e acabam aceitando permanecer como tudo sempre foi.
A Professora fez a diferença para muitas das suas alunas, mas também aprendeu com elas e foi embora da cidade demonstrando que de alguma maneira sabia que havia cumprido com o seu papel de educadora, visto que as alunas entenderam quais eram os seus ideais.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

O texto trata sobre as tendências pedagógicas, ressaltando que elas se originam de movimentos sociais, filosóficos em um determinado momento histórico.
São apresentadas as tendências Idealistas-Liberais e as Realistas-Progressistas

Da ética como método de trabalho

"Em momento algum o professor pode duvidar que o ser humano é perfeito e que tem capacidade infinita de aprender"

Savater é professor de Ética na Universidade de Madri e, além de estudar os significados da razão, do tempo e da morte — alguns dos assuntos prediletos de seus colegas —, ele tem outra preocupação: a Educação. "Refletir sobre a finalidade do ensino é pensar sobre o destino do homem e sobre o lugar do humano na natureza", defende.

Peter Drucker – O Futuro

Colegas, este artigo faz referência a Peter Druker e leva a pensar no futuro que deve ser feito agora.

Peter Drucker – O Futuro

por: Luiz Carlos de Assunção Lula Filho

Peter Drucker foi daquelas pessoas que, mesmo quem não é administrador já deve ter ouvido falar, pois é considerado o “pai” da Administração. Reconhecimento que honrou durante todos os seus 95 anos de vida. Mesmo sendo jornalista de profissão e com doutorado em direito público e internacional, sua vida e suas contribuições mais relevantes foram no campo da Administração de empresas.

Um de seus comentários que podem servir de reflexão para todas as pessoas foi sobre o tema “futuro”. Ele disse: “tentar fazer o futuro acontecer é arriscado; mas é uma atividade racional. E é menos arriscado do que continuar a trajetória com a confortável convicção de que nada vai mudar... O propósito da tarefa de construir o futuro não é decidir o que deve ser feito amanhã, mas o que deve ser feito hoje, para que haja um amanhã... Impor ao futuro, que ainda não nasceu, uma nova idéia que tenda a dar uma direção e um formato ao que está por vir. Isso poderia ser chamado de FAZER O FUTURO ACONTECER.” (grifo meu. O melhor de Peter Drucker – A Administração).

O que Drucker tenta passar é que o marasmo e a inércia que assolam a maioria das pessoas em várias situações de suas vidas, sejam no campo pessoal, familiar e/ou profissional devem ser substituídos por uma postura mais pro-ativa, uma atitude mais reflexiva e intervencionista no nosso futuro. Podem-se resumir suas palavras em relação à frase acima como se quiser garantir o seu futuro então o construa. Assiste-se cotidianamente pessoas esperando o “pacote que o futuro, aqui denominado destino apresenta às mesmas, mesmo percebendo que, na grande maioria das vezes é bem distante do que se sonhou.

É necessário sonhar. Sonhar sempre. Contudo é necessário planejar, ter perseverança, ter disciplina e determinação para ver seus sonhos realizados. O simples processo de desejar não representa dizer que se está garantindo o futuro. Os livros de auto-ajuda, em sua maioria são mestres em frases de efeito que quase sempre passam a falsa idéia de que basta desejar ardentemente uma coisa que a mesma de materializará. O pior de tudo é que muitas pessoas crêem nisso. É necessário muito mais. É necessário ampliar o desejo e o sonho para o campo da ação.

Quantos sonhadores conhecemos e damos méritos, mas que não seriam nada a mais que sonhadores se não se dispusessem a trabalhar arduamente para concretizar seus sonhos?, lembremos-nos de Galileu, Michelangelo, Thomas Edison, Santos Dumont, Gandhi e tantos outros que poderiam ser citados, é uma lista praticamente interminável, incluindo aqui Peter Drucker, um sonhador e realizador no campo da Administração. Um realizador que conseguiu imprimir uma marca incontestável no pensamento político, econômico e social da humanidade.

Muito provavelmente fará falta para a Administração de empresas, principalmente nesse período de transição, com cada vez mais influência, do fenômeno globalização que estamos vivenciando. Todavia, Peter Drucker e suas teorias, dificilmente perderão o ar de modernidade, pois pensamento sempre a frente do seu tempo ainda lhe dará muitos anos de lembranças e servirá de referência para muitas áreas em vários países.

Mesmo tendo partido dessa vida desde 11 de Novembro de 2005, ele estará presente em cada discussão acerca do futuro da Administração. Isto porque Peter Drucker não foi apenas um pensador ou sonhador, mas antes de tudo alguém que pensou no futuro para poder realizá-lo no tempo presente. Ensinamento esse que é sem fronteira, quer seja de profissão, quer seja de cultura ou quer seja de país.

Quer garantir um futuro promissor, então o crie!

APRENDENDO A APRENDER

APRENDENDO A APRENDER
por Francine De Lorenzo (Edição Nº 42)


Empresas descobrem a importância da educação no trabalho e abrem as portas para pedagogos
Já passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da educação infantil. A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além de instituições de ensino, empresas dos mais diversos setores. "É necessário separar o que é escolar do que é educativo. O pedagogo pode atuar em todas as áreas que requerem um trabalho educativo", ressalta Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Mas apenas formar-se pedagogo não é suficiente para conquistar um cargo em uma companhia. É necessário buscar outros conhecimentos relacionados à educação corporativa e à andragogia (educação de adultos) por meio de cursos de especialização, mestrados e doutorados.

À Propósito da Formação de Professores...

Olá colegas da didática

Compartilho com vocês o artigo abaixo trata sobre a formação de professores, fazendo uma retrospectiva sobre a história da educação brasileira e pode contribuir para a reflexão a respeito da formação dos educadores, visto que a preocupação com a formação apenas reprodutora já é antiga. O referido texto remete a seguinte indagação: "Como equilibrar uma formação atuante, criadora, motivadora sem cair num ‘fazer irrefletido?"


Como professor critico,
sou um “aventureiro” responsável,
predisposto à mudança,
à aceitação do diferente.

Paulo Freire


Historicamente falando, a formação do professor no Brasil parece enfrentar uma dificuldade constante. No período colonial e, posteriormente no período imperial, formar professores era tarefa a ser realizada fora dos limites do território nacional.

Com a República a situação não mudou muito: faculdades foram incorporadas e formavam as primeiras universidades brasileiras, porém longe de produzirem resultados inovadores apenas aglutinavam pensamentos discordantes debaixo da perspectiva do “universal”. O pensamento do ensino enciclopédico continuou a permear a formação reprodutora.

Nos anos 20 e 30, novas tendências educacionais permearam as expectativas dos pioneiros de uma educação nova. Entre as várias reivindicações desses pioneiros no Manifesto de 32, encontrava-se a condenação da formação enciclopédica sem profundidade.

Otaíza Romanelli em sua obra, História da Educação Brasileira (1994:133) já indicava que “a universidade brasileira vem perseguindo, desde a sua criação, apenas os objetivos ligados à formação profissional, salvo raríssimas exceções”. Isso também foi levado à pauta pelos pioneiros: a formação profissional era a principal tarefa da universidade existente. Tal formação, apontada como imbuída de um espírito enciclopédico, dava extensão – quantidade, porém não profundidade. Apesar das propostas dos pioneiros da educação nova incluir também a criação de faculdades, essa demorou a incorporar as mentalidades intelectuais.

A situação não mudou muito no período dos anos 50 e 60, salvo pequenas inovações introduzidas na formação de professores pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 4024/61. Passamos a ter uma perspectiva maior com a aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96.

Opiniões discordantes povoam os pensamentos e, necessariamente perpassam também pela formação. Formar, (de)formar ou (in)formar? Como equilibrar uma formação atuante, criadora, motivadora sem cair num ‘fazer irrefletido’?

Os autores nesse número da Revista de Pedagogia fazem uma incursão pela temática da formação de professores e dão subsídios para ampliar essa discussão.

Gilson Pôrto Jr
Comissão Executiva